quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

"Eu tiro a sua pele"




Olá meu amores, quanto tempo! Espero que estejam todos bem.

Estava eu, em plena madrugada, me deliciando com meu livro de ficção favorito. Estou lendo novamente todos os livros das Crônicas de Nárnia e àqueles que o conhecem, sabem bem que Deus caprichou na criatividade de C. S. Lewis. Estava eu lendo o o capítulo 7 do livro A viagem do Peregrino da Alvorada quando me deparei com uma verdade a respeito de Aslam, que os leitores mais assíduos sabem que é a representação de Cristo, que não havia percebido antes.

Pois bem, o capítulo se trata do começo de uma grande transformação. Esta transformação se refere a Eustáquio, um rapaz britânico muito infeliz por estar em Nárnia pela primeira vez. Na verdade, Eustáquio provavelmente nunca fora um sujeito de fato feliz até a sua aventura. Quem leu o livro sabe que Eustáquio era medíocre, cheio de si, mandão, dono da verdade, arrogante, egoísta entre outros adjetivos não muito bons. Em uma tentativa egoísta de se afastar para não trabalhar duro como os demais ele acaba em uma caverna de dragão, que o leitor sabe bem que era muito bem servida de ouro para que o primeiro ambicioso que chegasse fosse pego pela maldição e se tornasse um dragão. Já sabemos o que aconteceu com Eustáquio obviamente!

Sabemos que quando nos tornamos em algo que não queremos nós simplesmente passamos a enxergar melhor o que nós fizemos para chegar até ali, e a culpa de nossas ações caem sobre nós. Não foi diferente com Eustáquio, mas o ponto chave desta matéria não foi o fato de Eustáquio ter percebido que ele era o responsável por tudo aquilo que ele havia se tornado, mesmo porque não foi isso que o tornou humano novamente. Como há de se esperar, quando não parecia haver solução, Aslam apareceu e deve ser lembrado que somente a Eustáquio, já que o problema se referia a ele. Enfim, O Leão o convida a segui-lo e o leva a um local onde existe uma nascente de águas. Eustáquio sentia uma forte dor no 'braço' esquerdo por conta de bracelete que ele havia colocado lá antes de se tornar um dragão. O jovem dragão estava desesperado para entrar na nascente acreditando que a mesma iria aliviar a dor que sentia no braço, porém Aslam diz para que ele tire sua roupa primeiro. Percebendo que O Leão se referia a pele do dragão se esforça durante 3 tentativas para tirar a pele do dragão, mas mesmo que tivesse tirado a pele 3 vezes ainda havia pele lá. Então, começa o extraordinário. Aslam simplesmente diz: "Eu tiro a sua pele". (para ser mais justa, irei postar nas palavras de Eustáquio)

“Como estava louco para molhar a pata, esfreguei-me pela terceira vez e tirei uma terceira pele. Mas ao olhar-me na água vi que estava na mesma. Então o leão disse (mas não sei se falou): “Eu tiro a sua pele”. Tinha muito medo daquelas garras, mas, ao mesmo tempo, estava louco para ver-me livre daquilo. Por isso me deitei de costas e deixei que ele tirasse a minha pele. A primeira unhada que me deu foi tão funda que julguei ter me atingido o coração. E quando começou a tirar-me a pele senti a pior dor da minha vida. A única coisa que me fazia aguentar era o prazer de sentir que me tirava a pele. É como quem tira um espinho de um lugar dolorido. Dói pra valer, mas é bom ver o espinho sair.
— Tirou-me aquela coisa horrível, como eu achava que tinha feito das outras vezes, e lá estava ela sobre a relva, muito mais dura e escura do que as outras. E ali estava eu também, macio e delicado como um frango depenado e muito menor do que antes. Nessa altura agarrou-me – não gostei muito, pois estava todo sensível sem a pele – e atirou-me dentro da água. A princípio ardeu muito, mas em seguida foi uma delícia. Quando comecei a nadar, reparei que a dor do braço havia desaparecido completamente. Compreendi a razão. Tinha voltado a ser gente.
 Depois de certo tempo, o leão me tirou da água e vestiu-me. Me vestiu com uma roupa nova."


Aí você me pergunta: O que raios a minha vida tem haver com isso Rebeca?

E não somos nós ambiciosos por diversas coisas que julgamos serem as melhores?
E não nos declaramos donos da razão? Injustiçados quando as coisas não saem do jeito que planejamos?
Pobres vítimas de uma vida que dizemos que não escolhemos?

As vezes nos vestimos de tantas coisas que mal conseguimos saber quem éramos. Estamos sempre insatisfeitos, desconfiados e reclamando da vida. Vestimos a pele da mentira para esconder nossos atos, dos peguetes da semana, da balada, das drogas, das bebidas, da falta de educação com nossa família, da grosseria, da mágoa, da falta de interesse, da falta de compromisso, da deslealdade e etc. São tantas peles que chegamos a ficar irreconhecíveis.

Mas sempre existe aquele momento do dia em que Jesus nos convida a segui-lo, sempre. E desesperados para que a dor suma nós vamos. E quando vemos esta fonte de água para nos aliviar, nós queremos entrar! Mas é necessário tirar as peles. E quando tentamos tirá-las não importa quantas vezes tentamos, nós simplesmente não conseguimos não é? As vezes parece que tiramos, mas quando vamos olhar ela ainda está lá. Aí quando não parece mais haver saída Jesus nos diz: " Eu tiro a sua pele".

Ah meu caro amigo, o que Jesus quer que você entenda hoje é que existem algumas peles que nós simplesmente não conseguimos tirar. Elas estão tão profundas em nós mesmos que somente Ele pode tirá-las. Talvez você tem se esforçado a anos e o que você vê são mais e mais camadas de pele. A fonte pode parecer um sonho antigo que nunca irá se realizar talvez. Mas não se preocupe, hoje Jesus está lhe dizendo: Calma, eu tiro a sua pele pra você.

Deixe Ele fazer isso por você, e sei eu que sua experiência não será como a de Eustáquio, mas sei também que o resultado será o mesmo: Uma grande transformação. Vá em frente...deixe Ele lhe jogar dentro da nascente. Lhe garanto que quando Ele o fizer você vai se sentir aliviado e com certeza do jeito que você deve ser. E não se preocupe, Ele tem uma roupa nova para te dar.

Que Deus te abençoe, que O Grande Leão seja com você.