Boa noite meus amores, depois de um tempinho(bondade minha, desde janeiro que não encontro tempo) sem postar, estou voltando com uma matéria que escrevi quando estava no seminário. Tenho um certo carinho por esta mensagem por ter escrito ela tão novinha e por mesmo naquela época, por motivos vivenciais eu acabei por perceber sobre nossa estrada da vida. Leia esta história e se coloque como o personagem principal, você é este personagem e você está correndo, então pare e leia.
Um velho caminhava por uma estrada, sozinho durante
um começo de tarde, seus passos eram calmos e sua respiração era tranquila. Seu
tênis pisava o asfalto de corrida com total zelo e seus olhos observavam a
paisagem que estava a sua volta. Enquanto o velho caminhava absorto em seus
pensamentos, passou por ele um jovem, com um fone de ouvido tocando uma música
empolgante, correndo feito um louco. Seu corpo escorria suor e ele mal
conseguia respirar. Mesmo passando rente ao velho, este jovem não o notou
continuando a correr para alcançar a sua meta. Horas mais tarde, quando o velho
finalmente chegou ao final da estrada se deparou com uma cena que o fez rir, o
jovem estava deitado em um banco quase sem fôlego com os olhos confusos e com
as mãos na cabeça como se ela doesse. Calmamente o velho sentou-se ao seu lado,
respirou fundo e perguntou:
- Meu amigo, o que houve?
- Não sei. – Disse o rapaz.
Gentilmente o velho sorriu e de seu bolso retirou um
remédio para dor de cabeça e entregou ao rapaz que aceitou desesperado.
- Não entendo. – Disse o rapaz. – Eu corri o mais
rápido que pude cheguei ao final da estrada, gastei o menos tempo possível e
ainda me sinto como se tivesse que correr por mais umas dez desta. É como se eu
não consegui atingir minha meta. Como se eu tivesse que correr mais rápido. Não
entendo. – Repetiu o jovem.
O velho sorriu e sabiamente disse.
- Meu jovem, a questão não é chegar o mais rápido
possível. A vida não é uma corrida desenfreada para se alcançar algo, pois
caminhos são feitos para caminhar não para correr feito um louco. Com certeza
se você tivesse vindo andando, sem fones de ouvido teria percebido o quão linda
é a estrada que você andou e certamente sua impressão de ter que correr mais
dez destas, se deve ao fato de que você correu pela estrada sem desfrutá-la.
- Mas isso é tão difícil, digo é mais fácil correr e
chegar ao fim da estrada logo do que caminhar por ela e passar por coisas
desagradáveis no meio do caminho. Se eu correr as dificuldades não serão
rápidas o bastante para me alcançar. – Disse o jovem confiante.
Naquele momento o velho se levantou e fez uma proposta
ao jovem. Eles fariam novamente o mesmo percurso, porém eles caminhariam pela
estrada ao invés de correr. Não tendo o que fazer o jovem aceitou meio
carrancudo e foi com o velho. Durante todo o caminho o jovem, mesmo não ouvindo
as suas músicas, pôde ouvir o canto dos pássaros e o som do vento nas árvores e
folhas. Ele observou nitidamente a paisagem e pode ouvir com bastante calma
seus pensamentos, e o som do seu coração. Ao final da estrada sua cabeça não
doía, e suas pernas não reclamavam de uma dor insuportável como da ultima vez.
O velho se pôs a frente do jovem e sorrindo o abraçou.
- Meu amigo, não se esqueça. As estradas mais
difíceis são aquelas que você tem que caminhar calmamente, dia a dia, passando
pelos obstáculos lentamente e observando tudo o que este caminho pode te
oferecer. Porém são estas estradas difíceis, longas e demoradas que nos fazem
merecedores da vitória. Olhe a sua volta e veja o lindo pôr do Sol que está a
sua frente, se você tivesse vindo correndo e ido embora naquela hora não
presenciaria algo assim. Você precisa fazer todo o trajeto sem se apressar nem
se atrasar pra chegar a um lugar e contemplar tudo o que lhe será concedido,
pois tudo acontece no tempo certo, nem antes nem depois.
Dito isso o jovem e o velho se apertaram e suas
lágrimas escorriam molhando um ao outro.
Enquanto isso ao longe uma criança observava um toda
a cena que aos seus olhos era completamente estranha. Ela via um homem parado
abraçando o vento e chorando. Sem entender ela correu até o senhor e disse:
- Com quem você tá falando moço?
E o homem enxugando as lágrimas abaixou-se e
sorrindo respondeu:
- Comigo mesmo criança. Hoje eu ensinei a mim mais
uma vez que todos os dias eu tenho que caminhar, e não correr, pela estrada de
um problema, que só assim eu vou aprender a lidar com ele e ser merecedor da
recompensa no final.
A criança olhou para o homem e sorrindo saiu
correndo em direção a mãe. Anos mais tarde aquela criança se tornou uma jovem
atarefada, sua vida era uma constante correria e tudo se resumia a trabalho e
estudo. Nunca tinha tempo pra si, e mesmo quando tinha acabava se esquecendo
das coisas que se prometia.
Certo dia no final de uma tarde bem chuvosa, a jovem
voltava encolhida debaixo de seu guarda chuva, correndo como sempre. Como a
calçada estava escorregadia a jovem caiu no chão. Nervosa por ter escorregado,
caído, se machucado e por estar perdendo seu tempo ficou ali parada por uns
instantes resmungando. Quando levantou a cabeça para se pôr em pé, em meio aos
grossos pingos de chuva ela viu a velha pracinha onde brincava quando criança.
Naquele instante seu coração bateu fortemente e seus olhos se encheram de água
quando lhe veio a memória aquele homem de anos atrás. Devagar a jovem se levantou
e foi em direção a praça, sentou-se no banco ao final da estrada e começou a
fitar a estrada lembrando-se de todo o caminho apressado que ela tinha feito
até agora. Fechou seu guarda-chuva, se levantou e começou a caminhar devagar
pela estrada. Calmamente ela pôde sentir tudo que acontecia a sua volta,
percebeu que a chuva era gostosa, que o cheiro de terra molhada era agradável e
o mais interessante, ela entendeu que mesmo que todas as pessoas da Terra
estivessem correndo, a Terra continuava a girar na mesma velocidade,
calmamente.
Ao chegar ao final da estrada a jovem, sorrindo,
prometeu a si mesma que todos os dias ela iria caminhar e não correr, pois o
seu verdadeiro eu só poderia ser ouvido no caminhar da estrada. Assim a jovem
voltou para a sua vida e calmamente caminhou pelas estradas que a vida lhe impôs,
sempre ouvindo e sentido tudo a sua volta.
Se observarmos, Jesus nunca correu em nenhum momento
na Bíblia, por cada estrada que ele passava seus passos eram pacientes e
atentos. Se Jesus tivesse corrido para chegar aos lugares, Ele provavelmente
não perceberia nem ouviria várias pessoas que estavam a beira da estrada
pedindo socorro.
Quando corremos, nos esquecemos que a maioria das
pessoas que precisam de ajuda, estão paradas esperando que alguém passe pela
estrada e as perceba. Mas como iremos perceber se estamos ocupados demais
correndo? Como poderemos ouvir a nós mesmos quando o que conseguimos ver é só o
final da estrada?
O importante não é só o que te espera ao final da
estrada, mas é também tudo o que você passou para merecer chegar ao final dela.
Se corremos pela estrada não deixamos de ouvir somente os que necessitam, mas a
nós mesmos o que gera um esquecimento de quem nós realmente somos.
E aí, que tal caminhar hoje? Experimente ouvir tudo
aquilo que o silêncio diz, pois é o no silêncio da estrada que você ouve e vê
TUDO.